Agora é o PEC IV. Como sucedeu com todos os seus três antecessores, é desta que a coisa é definitiva. Não haverá mais “medidas adicionais”, jura Sócrates. Conhecemos a música. Esta espiral sem fim de austeridade imposta ao país em nome de uma estabilidade dos mercados que nunca chega e apregoando um crescimento que nunca chegará, é cada vez mais um exercício de sadismo social e de destruição da economia. “PEC 4 – Povo 0”, dizia um cartaz na manifestação de sábado no Porto. Diagnóstico certeiro: de PEC em PEC, o empobrecimento da grande maioria das pessoas acentua-se e as forças da nossa economia esvaem-se.
A crise tornou-se num pretexto para uma cruzada ideológica contra o trabalho e os direitos sociais. Alguém se lembra ainda que foi a recapitalização de uns quantos bancos que provocou a escalada das dívidas públicas? Porquê então a escolha dos cortes nos apoios sociais, nos salários e nas reformas, da flexibilização das leis laborais ou dos despedimentos em saldo como resposta? O que tem tudo isto a ver com as causas desta crise?
Agora vêm os fingimentos. Os que apoiaram este caminho de catástrofe proclamam que há limites para os sacrifícios. Contra estas fintas políticas, a rua transbordou em todo o país no passado sábado. “Povo 5 – PEC 0”, eliminação justa.
Publicado por José Manuel Pureza no Diário das Beiras a 16 de Março de 2011