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‘Estudantes’

Como universitário e como deputado, repudio a injustiça e o erro estratégico que são as novas regras sobre a acção social escolar no ensino superior. Num país com baixos níveis de qualificação relativamente às médias europeias, não se compreende que se corte a eito num sector tão estratégico para o desenvolvimento.

Os/As milhares de jovens que, com as novas regras, perderam o direito à bolsa, os/as que ainda hoje não receberam o valor definitivo da bolsa calculada pelas novas regras e os/as 12 000 que se viram obrigados/as a contrair empréstimos são a face visível de um sistema que deixa de fora milhares de jovens e põe a causa a democracia no acesso e na frequência do ensino superior. De lembrar que os custos dos estudos superiores são cada vez mais altos, que em 15 anos as propinas aumentaram 400%, que a expectativa para 90% das/os estudantes que contraíram empréstimos, que ascendem já a um total de 140 milhões de euros, é de ter um emprego precário e que a taxa de desemprego das pessoas diplomadas é cada vez mais alta e que atinge valores particularmente altos em Coimbra.

Os protestos de mais de cinco mil estudantes que, em Novembro, deram em Lisboa voz à indignação de uma geração atirada para a margem são justos. A democracia é-lhes devedora de apreço. E de uma resposta.

Publicado por José Manuel Pureza no Diário das Beiras no dia 17 de Dezembro de 2010