O mundo do trabalho é hoje marcado por transformações muito profundas, que o atravessam em múltiplas dimensões. Do impacto das políticas de austeridade à crescente precarização das relações laborais, das questões do sindicalismo às novas formas de emprego e desemprego, dos impactos da inovação tecnológica e dos desafios imensos que transportam consigo. O trabalho tem futuro? O futuro tem trabalho? Em que moldes? Qual é o lugar do trabalho no mundo que se está a desenhar à nossa frente? Como pensar, politicamente, os desafios que se nos colocam?
Imprensa
Conferência inicial | Richard Hyman
The Past, Present and Possible Futures of Labour: Can We Meet the Challenge?
(O passado, o presente e os futuros possíveis do Trabalho: Estamos à altura do desafio?)
Debate
Desafios e problemas actuais da organização dos trabalhadores
Moderação: Henrique Sousa
Sindicatos e outras formas de organização foram forjados pelos trabalhadores no processo de resistência e combate aos mecanismos de exploração do capitalismo. Foram e são determinantes para o avanço civilizacional e democrático que a conquista de direitos políticos, laborais e sociais significa. Mas a sindicalização desce, a participação sindical é baixa, a organização dos trabalhadores está ausente de muitas empresas, a solidariedade de classe e a mobilização social são duramente postos à prova. Sindicatos e direitos sofrem hoje o desgaste da segmentação, individualização e precarização do trabalho e da globalização neoliberal. Mudanças tecnológicas afectam profundamente os empregos e o trabalho do futuro.
Como enfrentar isto e renovar e fortalecer o sindicalismo e a participação solidária dos trabalhadores? Que fazer e em que direcções, naquilo que depende dos próprios trabalhadores?
- Henrique Sousa: apresentação e intervenção
- Daniel Carapau, Precários Inflexíveis: intervenção
- Rebecca Gumbrell-McCormick, investigadora e professora universitária: apresentação
- José Abraão, secretário-geral da FESAP e do SN da UGT
- Guadalupe Simões, Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e membro do CN da CGTP: apresentação
- Vivalda Silva, CE da CGTP e Presidente do STAD
Sessão 1
As propostas de reforma das relações de trabalho em Portugal
Moderação: Nuno Serra
Muito para lá do objetivo de consolidação orçamental, a “reforma do mercado de trabalho” tratou sobretudo de criar as condições necessárias a um modelo económico assente em baixos salários e desregulação laboral.
Num quadro político de entendimentos à esquerda – mas balizado pelas metas e regras de Bruxelas – como equacionar a reversão das reformas do Governo anterior? Em que modelo de relações laborais se devem empenhar os partidos da solução governativa? Como gerir as suas divergências e as previsíveis resistências de Bruxelas? Como robustecer o valor e a dignidade do trabalho?
- Filipe Lamelas, advogado e da Comissão do Livro Verde sobre as Relações Laborais 2016: intervenção
- Manuel Freitas, dirigente sindical da FESETE: intervenção
- Paulo Areosa Feio, geógrafo: intervenção
- Reinhard Naumann, investigador
Sessão 2
Sobre o trabalho: mitos, ideias feitas, conceitos e indicadores
Moderação: Filipa Vala
As relações laborais irão marcar o debate político-partidário nos próximos anos. A asfixia económica conduziu à segregação social de 1,5 milhões de pessoas, sem trabalho ou a querer mais trabalho, desprotegidas pelos cortes na proteção ao desemprego e apoios sociais. A desarticulação da contratação coletiva e as alterações na legislação laboral do governo anterior contribuíram para o corte salarial, a aceleração de tempos de trabalho e para a concretização da possibilidade de cortar salários nominais, através da rotação contratual.
Estará a recuperação económica atual a alterar a realidade criada pela “reforma laboral” do anterior governo?
- João Ramos de Almeida e José Luís Albuquerque, economistas: apresentação
Sessão 3
A revolução tecnológica e o trabalho
Moderação: Ricardo Paes Mamede
O impacto da revolução tecnológica é uma questão central nos debates promovidos atualmente pela Organização Internacional do Trabalho ou o Fórum Económico Mundial (Davos). A robotização e a Inteligência Artificial ameaçam o emprego de forma distinta de outros momentos de impacto de inovação tecnológica na economia, porque expandem o processo de automação, substituindo crescentemente trabalho dito qualificado.
Debateremos a relação entre trabalho e inovação no contexto internacional, que combina desemprego e estagnação económica (cujas causas estão longe de ser tecnológicas), a “uberização” do emprego e os desafios tecnológicos da economia internacional no contexto específico português.
- Nuno Teles, economista
- Porfírio Silva, filósofo
Debate
A governação na área do trabalho na actual legislatura
Moderação: José Vítor Malheiros
- José Soeiro, deputado BE
- Manuel Carvalho da Silva, sociólogo
- Tiago Barbosa Ribeiro, deputado do PS