O jantar-debate tinha como tema central as pressões das lideranças europeias sobre a governação portuguesa. Tendo sido realizado algumas semanas antes da decisão do Ecofin de iniciar o processo de aplicação de sanções a Portugal e Espanha por incumprimento das regras orçamentais da UE, o debate foi agendado tendo presentes as declarações mais ou menos hostis sobre a governação portuguesa por parte de vários responsáveis europeus desde finais de 2015.
As intervenções iniciais de Ricardo Paes Mamede e Ana Drago procuraram enquadrar tais pressões no âmbito das regras na em vigor UE e dos conflitos políticos entre diferentes componentes das instituições europeias. Dado o quadro institucional e político que se revela crescentemente adverso a um país como Portugal, é fundamental suscitar o debate, a consciencialização e a mobilização cívica sobre as questões europeias em Portugal, assumindo que o processo de integração europeia deve ser visto como um instrumento ao serviço da coesão económica e social e não como um fim em si mesmo. O jantar-debate realizou-se poucos dias após a realização do referendo britânico sobre a saída da UE, pelo que a discussão que se seguiu às intervenções iniciais foi largamente centrada nas incertezas que resultam deste novo cenário.