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‘O novo mundo árabe’

Para além da religião e da língua, uma coisa se repete nas paisagens do Cairo, de Damasco, de Amã ou de Sanaa: retratos de ditadores. No Cairo, a fotografia de Mubarak olha-nos em cada canto, sendo certo que, se nada acontecesse, no lugar dela seria posta a do seu filho Gamal. Em Amã, é a fotografia do Rei Abdullah que ocupa o espaço público. Em Sanaa, o bigode de Saleh está em todas as esquinas. Em Damasco, Bashar al-Assad divide a iconografia da ditadura com o pai que governava antes dele e com o falecido irmão que deveria ter ficado com o seu lugar. Mas os símbolos populares são outros: no Iémen, quando lá estive, em 2005, era a cara de Yassin, líder religioso do Hamas abatido pelos israelitas; na Síria, quando lá estive, durante os bombardeamentos israelitas ao Líbano em 2006, eram as bandeiras amarelas do Hezbollah; no Egito é a Irmandade Muçulmana.

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‘A credibilidade de Cavaco’

Quando confrontado por Francisco Lopes com o ‘caso BPN’, Cavaco Silva ignorou o assunto. Defensor Moura voltou à carga e o Presidente optou pela vitimização. Por fim, em resposta a dúvidas de Manuel Alegre, decidiu atacar a atual administração do BPN. Ou seja, quando os seus amigos andavam a brincar com o fogo fez negócios com eles; quando o caso rebentou, manteve-se em silêncio; quando Dias Loureiro mentiu ao Parlamento veio em sua defesa; quando o BPN foi nacionalizado assinou por baixo; e só resolve abrir a boca para criticar quem, mal ou bem, recebeu o presente envenenado.

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‘A verdade dói’

A prisão de Julian Assange, os processos judiciais, o bloqueio aos donativos e os ataques da Amazon e da EveryDNS.net ao site da WikiLeaks mostram os poderes imensos em que as revelações daquela organização tocaram. E como esses poderes conseguem chegar a governos, empresas, sistemas judiciais, polícias. Felizmente, prender, ameaçar e perseguir o mensageiro é mais fácil do que calar a verdade. Centenas de organizações estão a criar sites ‘espelho’ com a mesma informação e desenvolve-se na Net uma autêntica guerra pela liberdade de expressão, com ataques às empresas que aceitaram ser instrumentos de censura.

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‘O vício da roleta’

A Irlanda seguiu a receita que nos andam a prescrever há anos: impostos baixos para as empresas, desregulação dos mercados de capitais e leis laborais flexíveis. Durante algum tempo o sonho cumpriu-se: o dinheiro veio e o mercado imobiliário floresceu. “Olhem para a Irlanda”, dizia-se. Até que, em 2008, a crise do subprime mostrou como o dinheiro fácil se pode transformar num pesadelo. Em apenas dois anos o PIB caiu cerca de 11%. O desemprego disparou de 4,6%, em 2007, para 13,7%, em 2010. Confirmou-se que quando a crise aperta a flexibilidade não promove o emprego.

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