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‘Alegre’

Os cartazes de Manuel Alegre nas ruas, há cinco anos, tinham apenas as palavras “Livre, justo, fraterno” — a descrição idealizada do país, tal como aparece desejada no preâmbulo da Constituição — redigido pelo próprio Manuel Alegre.
Esta escolha era puro Manuel Alegre. Pelo gosto de palavras que eram belas, mas não apenas isso; concretas e mobilizadores. E sobretudo por que nenhum marqueteiro, nenhum diretor de campanha, o aconselharia jamais a fazer um cartaz assim, tão desformatado dos códigos publicitários. Manuel Alegre acreditava na palavra livre, na palavra justo, e na palavra fraterno — não um acreditar de fé, mas um acreditar de conhecer aquelas palavras por dentro e saber o que elas podem fazer.
Teimosamente, insistiu. Teve vinte por cento.
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‘Cavaco’

A principal — talvez única — proclamação política de Cavaco Silva para esta campanha foi considerar que Portugal deveria abster-se de comentários sobre a situação política na Europa e a crise do Euro. Segundo ele, tais comentários seriam entendidos como “insultos” pelos investidores internacionais e deixar-nos-iam à mercê da retaliações destes — com juros mais altos sobre a nossa dívida.
Silêncio contra segurança — eis o que nos propõe Cavaco.
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‘A TINA de Sócrates’

O rosto político mais destacado da ruptura neoliberal na Europa dos anos 80, Margaret Thatcher, projectou o seu arrogante combate aos direitos sociais fundamentais numa frase afrontosa para a democracia: “There is no alternative”. O acrónimo TINA ficou como divisa desse estilo e do credo político que ela protagonizou.

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‘Um ano’

Este foi um ano em que tudo se tornou mais volátil, salvo a diferença cada vez maior entre os rendimentos do trabalho e do capital. Este foi um ano em que as proclamações dos governantes mudaram da manhã para a tarde, salvo as que insistiram em penalizar quem tem menos como receita para sair (?) da crise. Este foi um ano em que a crise foi a tónica de todas as vidas, excepto as daqueles que puderam beneficiar da antecipação da distribuição de dividendos milionários.

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‘Contas da Saúde’

O défice do Serviço Nacional de Saúde (SNS) alimenta uma das mais importantes discussões da nossa democracia. A dívida acumulada rondará os 2500 milhões de euros. Perante a dimensão deste número, a direita rejubila e transforma-a na demonstração de que o SNS é insustentável. Daí à sua sentença de morte vai um passo, para a qual Passos Coelho tem uma receita: a privatização do SNS.

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‘sempre em potência’

Os jornalistas têm graça quando querem. Nuno Simas assina no Jornal Público uma peça sobre as dez figuras de 2010, destacando Passos Coelho com o título ‘o potencial futuro primeiro-ministro’. É irresistível saltar para ‘o futuro primeiro-ministro em potência’, ou ainda ‘o eterno futuro primeiro-ministro’.

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‘Galilei, SPGS’

Em Maio deste ano, a Sociedade Lusa de Negócios, à qual pertencia o BPN, mudou de nome. Passou a chamar-se Galilei. Não sei o que farão os seus descendentes para defender o bom nome da família, mas este acontecimento é tão significativo como compreensível. A SLN é o verdadeiro sujeito da mega-fraude do BPN e percebe-se que os seus accionistas não façam questão de manter o nome, quando discutem a continuação da actividade do Grupo.

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